"A maior necessidade do mundo é a de homens; homens que não se comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus." Ellen G. White


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Pessoas... tempo... lembranças...

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." Exupéry Como de costume, todo final de ano o meu professor de matemática planeja um encerramento com as turmas. Os alunos podem sentir- se livres e à vontade para dizer o que não disseram durante todo o ano letivo para alguém. Formamos um círculo com as cadeiras e então ele começa dizendo alguma coisa sobre a turma, o que achou de alguns durante o ano, mostra como realmente acompanhou o desenvolvimento de boa parte dos alunos no simples fato de tê- los visto 3 vezes por semana durante todo o ano. Põe para tocar músicas propícias para o momento, letras que falam de amizade, saudades de pessoas distantes, reflexões da vida e etc. Começamos com o encerramento um pouco tarde devido alguns imprevistos. Ele começou dando para cada um uma folha na qual havia vários bonequinhos com humores diferentes. Todos estavam numa árvore, uns subindo, outros descendo, uns caminhando lentamente pelos troncos, outros caindo, e apenas alguns poucos permaneciam fora dela. Ele pediu para que olhássemos atentamente para cada figura daquela e identificasse qual bonequinho se encaixava com a gente, com o momento da vida pelo qual estamos passando. Depois de um minuto ele pediu para que cada um mencionasse qual figura havia escolhido e por quê. Não tive dúvidas quanto a minha. Era uma figura que estava inerte, olhando todos os outros bonequinhos, em todas as situações vivenciadas por eles naquela imagem. Ele apenas observava. Meu professor então perguntou o motivo da minha escolha, e eu respondi algo meio vago e rápido. Sentimentos me rondavam, mas eu continuava hesitante e perplexa diante de tanta emoção por causa de um simples desenho que me despertou a atenção. Talvez alguém tenha sentido o mesmo, embora muitos tivessem escolhido apenas os rostos felizes daquela imagem. Depois disso, ele colocou então uma música bastante conhecida, e pediu para que refletíssemos sobre a vida, sobre nós. A música fala sobre a nossa vida, o fato de acharmos que alguma coisa pode durar para sempre, mas esquecemos que o pra sempre sempre acaba. Percebi lágrimas nos olhos de muitos que ali estavam. Uns procuravam conter- se. Quando a música acabou o professor começou a falar sobre ela, e o que ele disse foi bastante marcante: “Por mais que a gente não queira esquecer as pessoas, acabamos esquecendo, simplesmente por causa das mudanças na vida, a distância...” Senti algo nostálgico naquele momento, ele pareceu tão convicto e eu me perguntei se aquilo poderia ser realmente verdadeiro. Alguns alunos falaram um pouco sobre si e sobre outros amigos, sobre as pessoas que não tinham muita amizade, mas foram descobrir o quanto ela é especial e única nesses últimos meses. Alguns trocaram abraços enquanto outros continham- se. Uns lamentavam o fato de não poderem estudar ali novamente com as mesmas pessoas com as quais estavam acostumadas a ver ou pessoas que realmente os conquistaram. Outros simplesmente saíam da sala como se o que foi vivido ali não lhes tivesse valido muito. Depois de voltar para casa enquanto recordava certas lembranças lembrei mais uma vez do que meu professor havia dito... vivenciamos tantas coisas com determinadas pessoas, essas pessoas fazem nascer diferentes sentimentos em nós, cativam- nos, tornam- se tão importantes e de repente nos é tirada tão depressa. Talvez pelo tempo, ou elas simplesmente se afastam de nós, talvez por não sermos tão importante assim para elas, ou a gente simplesmente as perde por alguma atitude que tomamos. E é tão triste pensar que numa hora ela vale tudo e noutra a gente simplesmente esquece. Me pergunto se é tão frágil assim um sentimento. Que pela distância talvez, ou por alguns anos pode acabar tão rápido que não compensa todo o tempo que levamos para cultivar e cuidar...

2 comentários:

"Desbravadores" os herois de hoje. disse...

marina, você consegue se espressar bem com seus pensamentos ein.
As vezes não coloco comentarios neles porque acabo ficando sem palavras, e queria dizer que esses textos me emocionam bastante e as vezes fico até com vontade de chorar.

Anônimo disse...

É raro encontrar um texto tão bem escrito, com tanta emoção e capaz de sensibilizar dessa maneira única. Maneira que só quem já foi capaz de parar e ver o mundo de "fora de si mesmo" é capaz de entender.
Um momento, uma parte da vida, que é única e ainda sim tão rara e facilmente esquecida. Quando as palavras e atitudes de outras pessoas tocam fundo no coração e parecem provocar uma mudança que será para o resto da vida.
Parabéns.