terça-feira, 5 de novembro de 2013
Senhor Gentileza
Felizmente, as remoções de seus escritos foram criticadas e iniciou-se o projeto Rio com Gentileza, com o objetivo de restaurar o patrimônio carioca. Apesar da repercussão do caso, as palavras de Gentileza, em si, nunca fizeram qualquer diferença em minha vida, e provavelmente na de muitos também não. Tornou- se um dito superficial, modismo. Pode-se ver por aí, estampado em camisas, bonés e etc. Mas à troco de quê o profeta daria sua cara a tapa a uma sociedade tão egoísta? Talvez ele nem desconfiasse que mesmo após sua morte sua filosofia ainda permaneceria por anos a fio. Aliás, muito provavelmente ele nem tivesse a pretensão de receber a aprovação das pessoas. Foi rotulado de lunático quando sorria para as pessoas nas ruas e no entanto nunca deixou sua essência de lado. Tinha convicção de que o que fazia era o melhor, e mesmo com a banalização de suas ideias, não deixou de ser quem era. Gentileza andava na contramão amando seus semelhantes. Ele me lembra Cristo, assim como diversos outros personagens na história. Semelhantes no agir, assim como Ele, esses personagens fizeram diferença por onde passavam. Nós não deveríamos almejar seguir à risca tão louvável exemplo? Há algo errado. Insistimos em criticar ou ignorar quem não mede esforços pra se tornar o melhor que pode ser, pra si e pros outros. Alguns, senão a maioria, prefere ser indiferente, afinal, é muito mais cômodo permanecer na zona de conforto. Poupam sorrisos e palavras de gratidão, transbordando queixas. Regularmente, o carro chefe de suas vidas se torna sua própria vontade. O altruísmo perdeu o posto para o egocentrismo. E como fica o exemplo do Mestre? Que perfume você tem exalado?
Pare e pense, jovem: Você como cristão, professa ser seguidor de Cristo. Um seguidor não reproduz nada além daquilo que o próprio Mestre ensina. Quais lições você tem deixado? Que perfume você tem exalado?
Quando passamos um tempo considerável com O Exemplo, imperceptivelmente exalamos a verdadeira essência. Que não se torna inodora com o tempo, mas que se acentua à medida em que amamos mais nosso semelhante.
Será que as pessoas têm apreciado o seu perfume?
"Sempre fica um pouco de perfume nas mãos de quem oferece rosas." - Provérbio Chinês
"Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo lugar a fragrância do seu conhecimento; porque para Deus somos o aroma de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que estão perecendo." II Coríntios 2: 14- 15
Escrito por Marina P. às 4:19:00 PM 0 comentários
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Será que vira príncipe?
Outra coisa que me intriga, e que frequentemente é discutida aqui e acolá é essa coisa de pessoa perfeita. A metade da laranja, a tampa da panela (ou da frigideira, para as situações mais críticas), carne e unha, alma gêmea. Ah, fala sério! Tudo baboseira, sabe por quê? Imagine se a minha possível cara metade tivesse existido há um século atrás e alguém casou- se com ela no meu lugar e viveu feliz pra sempre até que a morte os separasse, e aí? Se eu acreditasse nessa história, estaria fadada e condicionada a anos de espera até perceber que a tal da alma gêmea nunca, de fato, tornaria a aparecer na minha vida. Fora a bagunça que haveria na minha árvore genealógica. Um monte de gente casando com a cara metade do outro. Injusto, não? Mas é mesmo! Por isso não consigo acreditar nessa história. Você provavelmente também não acredita. Mas tem gente que acredita. Mas não os condeno, afinal, os contos de fada estão aí, nos livros e filmes. Estão aí colorindo doces ilusões nas mentes cheias de sonhos e expectativas dos que sonham que o sapo um dia vai virar príncipe, ou que um dia encontrarão a princesa à espera de um beijo apaixonado. Lamentável, não? Na teoria, é lindo, romântico. Mas na prática só dificulta a nossa capacidade de discernir quem de fato merece estar ao nosso lado. Afinal, o que de fato torna uma pessoa digna de nós? Primeiramente, e principalmente, precisamos reconhecer o nosso valor, para a partir de então, poder valorizar - amar alguém. Do contrário, os sonhos românticos (na verdade realidades), estarão condicionados ao fracasso. É que a gente tem a péssima mania de projetar tudo o que valorizamos no ser humano (e que geralmente não temos) nas pessoas, sobretudo, nas que a gente ama. Irônico, não? Mas é o que fazemos, infelizmente. Acreditamos que exista uma pessoa feita sob medida para nós, fato que ocasionalmente é motivo para rompimentos, por quê? Pelo simples fato da outra pessoa não corresponder às nossas altas expectativas e ilusões. Quando encontramos a pessoa mais bonita, é ótimo. Principalmente quando ela nos corresponde, mas aí passada a chama da paixão, o que resta? Percebemos então, que de fato, beleza não põe mesa, é preciso haver sintonia, semelhanças, mas diferenças também. Daí, rompemos, justo. Não seria nada bom, nem pra você e nem pra linda pessoa que você tinha ao lado, ficarem juntos se ambos de fato, não se amavam. Mas e quando encontramos o pacote completo, ou simplesmente encontramos quem de fato nos faz bem, mesmo que em silêncio? É ótimo, maravilhoso. Começa então a "primavera" do amor, as borboletas no estômago e você se sente num conto de fadas da vida real. Tudo vai muito bem, mas com o tempo tudo isso também some, assim como ocorreu no primeiro exemplo, e aí? Desistimos também? Sim, muita gente desiste. Mas será que de fato é uma boa alternativa, considerando o quanto essa pessoa nos faz bem, seria justo focar apenas nos defeitos dela? Foi um pouco difícil pra eu perceber, mas ninguém é totalmente perfeito pra ninguém. Sempre haverá certas coisas, que por mais que você não goste ou queira mudar na pessoa (ou ela também esteja disposta a mudar, com muito sacrifício), sempre estarão lá. E não é por que você quer que elas desapareçam, que elas vão desaparecer, porque você também as tem. São coisas diferentes, mas tem. Então pra quê sobrecarregar o outro de expectativas próprias que você mesmo nunca conseguiu superar? É inútil, perda de tempo. Enquanto nos preocuparmos em mudar ou outro (cara metade ou não), perdemos grandes oportunidades de completar, de fazer a diferença. Não com críticas ou conselhos desnecessários, mas com o desejo de amar genuinamente, sem pretensões, pelo simples fato da pessoa ser quem ela é (cheia de erros e acertos, assim como você).
Lembre- se: Enquanto nos preocupamos com a xícara (aparência e estereótipos), deixamos de saborear o chá (caráter, essência) que recebemos.
"Só se vê bem com o coração. O Essencial é invisível aos olhos." - Exupéry
Escrito por Marina P. às 9:22:00 PM 1 comentários
sábado, 18 de maio de 2013
Morte x Vida
Escrito por Marina P. às 10:26:00 PM 0 comentários
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Convite ao desabafo
Você já assistiu 'Cartas para Julieta'? Se não, deveria. Além de muito poético e romântico, se passa em um dos mais belos lugares do mundo, em Verona, na Itália. Lá havia um muro, no qual eram fixadas várias cartas de diversas partes do mundo, à inspiradora "Julieta". Um grupo de mulheres amadoras eram responsáveis por responder essas cartas e Sophie (Amanda Seyfried) se interessa e começa a ajudá- las. A partir de então, começa a responder também às cartas de amor. Essa aventura a leva a uma nova visão acerca do amor, e consequentemente a um novo amor, um amor verdadeiro.
Posso não escrever cartas para Julieta, mas escrevo "cartas" ao meu Querido Diário...
Não sei quanto a vocês, mas pra mim, escrever é sinônimo de extravasar. Na verdade, escrever só quando dá na telha, né? Escrever quando não se tem vontade é chato, isso pude sentir na pele no início da faculdade.
Mas cá entre nós, quem nunca confessou suas frustrações e/ou alegrias numa folha de papel? Eu já. Desde que me entendo por gente escrevo diários. Antigamente, mas bem antigamente mesmo, as menininhas escreviam e cuidavam para que ninguém lesse seus diários, guardavam aquela chavezinha minúscula, mas no fundo no fundo, queriam que suas amiguinhas lessem, gostavam de trocar confissões. Geralmente, quando pequenos, escrevemos sobre o primeiro amor, a primeira travessura, o primeiro beijo... entre outros praxes! À medida que vamos crescendo, o intervalo entre uma data e outra em nossos secretos cadernos tornam- se cada vez maiores. Isso porque vamos ganhando mais idade e com isso, mais obrigações. E o exercício favorito de antes, torna- se enfadonho, simplesmente porque muitas coisas, senão a maioria, já não nos soam como novidades excitantes e dignas de serem relatadas em pautas enfeitadas. O que muda, afinal, nossa concepção, acerca dos diários? Seria a rotina enfadonha, que nos tira o prazer da escrita? Não sei não, hein? Afinal, escrever, pra mim sempre me fez um bem danado, apesar dos fatos, apesar do que relatar. Pra ser sincera, sinto mais vontade de escrever frustrações do que alegrias. Quando estou feliz, estou ocupada demais para escrever, simplesmente porque estou feliz. Quando frustrada ou triste, o diário é um dos meus confidentes favoritos. Ele não questiona, critica ou aprova e/ou desaprova, só aceita o que eu escrevo. E aí, que tal começar a relatar? Eu já comecei!
Querido Diário...
Escrito por Marina P. às 10:34:00 PM 1 comentários
domingo, 6 de maio de 2012
Silêncio
Esses dias o Paolo, estudante de teologia aqui do UNASP - EC, fez um sermonete interessante. Passou- nos um vídeo de aproximadamente 5 minutos, porém não havia áudio, só legendas. Foi proposital. O objetivo do vídeo era nos fazer perceber como o silêncio pode influenciar de maneira positiva nosso relacionamente genuíno com Cristo. Como o silêncio poderia ser relevante para o reconhecimento da voz de Deus e das respostas que nunca escutamos, mas que sempre exigimos, mas que, devido à falta desse exercício silencioso de parar e refletir, não conseguimos reconhecer. Como bom estudante de teologia, sabe um pouco de grego e hebraico. Nos mostrou o tetragama em hebraico da palavra/ nome DEUS. E como se pronunciava cada letra desse tetragrama como a imagem mostra acima.
Interessante foi quando ele fez a analogia da pronúncia de cada letra com o som que fazemos ao respirar. Para minha surpresa, o som era exatamente o mesmo quando inspiramos e espiramos.
Se cada exercício de nosso ser carnal testifica do amor de Deus, como poderíamos pensar que o mesmo não atua, respondendo nossas perguntas? Como podemos acresitar num Deus impessoal que nos vê apenas como fantoches do mal, à mercê de suas trevas?
Como duvidar, se até mesmo o mais incrédulo ser involuntariamente testifica do amor de Deus? Nós podemos buscá- lo voluntariamente, cientes de que, se permitirmos, Ele pode sim, atuar em nosso vida, até mesmo no silêncio, quando apenas estamos a ofegar, sedentos de Seu Espírito e orientação.
Já experimentou ouvir Deus no silêncio?
Escrito por Marina P. às 9:50:00 PM 0 comentários
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
A Velha Costureira
Espreguiçava- se com cuidado, devido ao problema das juntas. Calçava seu chinelinho, tateava a bengala na luz difusa de seu humilde casebre e ia fazer a toillette. Depois do gargarejo, recolocava sua dentadura e assim seu dia sempre começava.
Podia- se ouvir de longe os passos arrastados por sobre o assoalho desgastado até a máquina de costura. Porém, antes de tudo, a velha senhora não abria mão de desenterrar sua antiga realidade do fundo do baú. Literalmente. Havia um baú enorme, trancado à sete chaves. Medo tinha não sei do que. Então, à luz da lamparina ia até o sótão buscar a chave. Em meio ao estranho ritual, a velha ia recriando memórias e alimentando velhas ilusões a cada vestido tirado do velho baú. Cobria- se de renda enquanto admirava seu rosto enrugado no espelho, como se suas áureas ainda fossem coradas como pêssego e seus lábios fossem tão jovias como naquele momento se sentia. Seus olhos brilhavam e antes que se sentasse em sua cadeira acolchoada para o trabalho, inspirava- se toda. Estava pronta para mais um dia de trabalho. Costuraria até o pôr- do- sol. Lembrava- se agora de seus antigos moldes de ateliê que já há tanto tempo havia criado para ricas senhoras e mimadas moças. No tempo em que a vida era uma festa e que buquês de rosas e caixas de chocolate lhe faziam honra a cada jantar com o homem que desde a infância amara. Mas por fatalidade, viera a falecer de tuberculose.
- Preciso me concentrar. Repetia a velha para si mesmo. Ainda hei de retomar com êxito minhas luxuosas criações. Estou falida, mas eu hei de me reestabelecer e conquistar novamente o prestígio de todos nessa cidade.
Agulhas, cetins, botões e manequins serviam- lhe de companhia em meio há tanto trabalho. às vezes sentia- se cansada, outra hora mais disposta e assim prosseguia. Até que sentiu sede. Quando foi até a cozinha pegar um cópo d'água, e em meio aos seus devaneios voltou até a sala, quando ouviu a sineta da porta soar.
- Quem é? Quiz saber a senhora.
- Abra a porta!
- Mas quem é? Insistiu a velha.
Não obteve resposta. Foi com receio até a porta e ao abrir deparou- se com um senhor em prantos.
- O que houve? Posso ajudá- lo?
- Apenas ouça. Na juventude seu amado e eu éramos muito amigos. Eu o amava como um irmão. Ele tentou esconder sua doença, mas não conseguiu. Eu sempre soube e lamentei muito pela senhora não ter desconfiado. Apesar que não poderíamos fazer nada, já que naquela época não havia cura para tal enfermidade. Então, um dia quando sentia- se muito debilitado, como que prevendo o dia de sua morte , entregou- me um testamento com todos os bens que ele guardava em seu cofre pessoal no banco em que trabalhávamos. Porém, devido ao meu egoísmo, aproveitei- me de sua fragilidade e peguei a senha de seu cofre com a desculpa de entregá- la a você, um dia depois ele faleceu. Devo - lhe perdão por tal ato. Uma vez que durante muito tempo fizeste com que pensas- te que ele a abandonará em seus últimos momentos. Mas ele não fez por mal. Só não queria que a senhora sofresse. Então, com meu orgulho no chão, devolvo- lhe o que de fato sempre lhe pertenceu.
Dizendo isso, se foi.
A velha boquiaberta, tentou apoiar- se sem sucesso, caindo no chão em prantos e balbucios. Arrastou- se até o velho baú e lemantou por ter desconfiado do seu bom marido. Recordou- se do diário que escondera no fundo, antes mesmo dos vestidos, quando debrussou- se sobre a lateral, tentando encontrar suas vívidas memórias relatas minuciosamente nas páginas desgastadas do velho caderno. Não encontrava, então, desesperada, entrou no baú quando vira uma antiga fotografia de seu esposo por cima do caderno. Lá ficou, até que pôr- do- sol passou. Lia, recordava, lamentava. E de tanto que chorava suas lágrimas enxarcavam. Pendia- lhe dos olhos, molhavam- lhe a face, as páginas o testamento, tudo. Lá ficou até que o coração acalmou. De tanto que chorou. E de tanto que chorou, cessaram - lhe as forças até que seu passado ali ficou. Juntamente com ela, seu coração e suas memórias sepultou. Pra sempre, naquele velho baú.
(Adaptação de 'A Moça Tecelã', de Marina Colasanti)
Escrito por Marina P. às 3:57:00 PM 3 comentários
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Dádivas
Escrito por Marina P. às 9:31:00 PM 1 comentários